Estadão
Os fãs e a imprensa estão acostumados com respostas, costumeiramente, evasivas na Fórmula 1. Em especial as dos pilotos. Mas com Kimi Raikkonen não foi assim, ao menos nesta quinta-feira no circuito Marina Bay, em Cingapura.
Por ser o primeiro encontro do finlandês com a mídia depois de ser anunciado como o companheiro de Fernando Alonso na Ferrari, em 2014, a entrevista foi concorridíssima. Como Raikkonen não esconde nas conversas que a Lotus lhe deve dinheiro, "muito dinheiro", o jornalista suíço Luc Domenjoz, do jornal Le Matin, perguntou por que não ficava em casa até o débito ser pago. Na Europa, em especial na Suíça, não receber da empresa para quem trabalha é inaceitável e não há margem de negociação.
Sem papas na língua, Raikkonen respondeu à questão e suas palavras já traziam também a resposta à pergunta sobre os motivos de deixar a Lotus, escuderia com boa estrutura técnica e essencialmente o seu feudo, pois faz o que bem entende lá, como tanto aprecia : "Eu gosto de pilotar e é a razão de estar aqui, não importa por qual time. O motivo de eu decidir deixar meu time é puramente dinheiro. Eles não pagaram meu salário, infelizmente".
O campeão do mundo de 2007 não poderia ser mais objetivo. Não disse desde quando não recebe, mas o que confessou a um amigo, fonte do Estado, é que a dívida refere-se aos bônus pelos pontos conquistados na temporada toda.
Como fez nas 12 etapas disputadas este ano 134 pontos, quarto colocado no Mundial, diante de 222 do líder, Sebastian Vettel, da Red Bull, e estima-se que ganhe 50 mil euros (R$ 150 mil) por ponto, a Lotus deve pagar a Raikkonen 6,7 milhões de euros (R$ 20,1 milhões).
Raikkonen completou a resposta: "Eu desejo tentar ajudá-los ao máximo. Mas a razão de estar aqui é porque gosto de correr".
A explicação do finlandês vai ao encontro do pacto proposto por Massa para conseguir os patrocinadores necessários a fim de ocupar a vaga de Raikkonen na Lotus. A organização do luxemburguês Gerhard Lopez e dirigida pelo francês Eric Boullier necessita, urgente, de dinheiro. A falta levou a Lotus a perder o seu maior bem, Raikkonen, responsável direto por a equipe disputar o título no ano passado e voltar a vencer na Fórmula 1.
No circuito Marina Bay, a partir dos treinos livres de amanhã, com início às 7 horas, horário de Brasília, Raikkonen começará a entender se, ao contrário das duas últimas etapas, Spa-Francorchamps e Monza, pistas de pouca pressão aerodinâmica, o modelo E21-Renault da Lotus voltará a ser eficiente como nas provas anteriores. Até a etapa da Hungria acompanhava de perto Vettel na classificação do campeonato.
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