As palavras assinadas por Kimi Raikkonen falam por si: "fiquei desiludido porque estava confiante e tinha decidido aumentar o ritmo e ver até onde pode ir!". A segunda desistência consecutiva do Campeão do Mundo de F1 de 2007, por acidente, no Rali Bicentenário Guanajuaoto (México) começa a dar razão aos mais cépticos e exigentes que não acreditam que o "Iceman" dos circuitos consiga vingar no Mundial de Ralis. Sébastien Loeb, Heptacampeão Mundial, é talvez dos poucos que poderá fazer uma avaliação correcta da situação pois, também ele, aos poucos, tem descoberto o processo inverso ou seja, passar dos ralis para as pistas.
Para o piloto número um da Citroen Total, "um piloto de velocidade possui habilidade suficiente para vingar nos ralis, ainda que ambos apresentem credenciais diferentes. Um piloto de circuitos saberá sempre guiar um carro de ralis e tenho a certeza que se me derem a mim e ao Kimi o mesmo carro, no mesmo troço de terra, com as mesmas passagens, ele ficará muito perto dos meus tempos. Mas, isso não é o que acontece nos ralis hoje. Nos ralis, não se pode fazer sempre as mesmas curvas para optimizar, por exemplo, o ponto de travagem. É preciso fazer um trabalho de desenvolvimento das notas e é preciso aprender a antecipar as coisas. Acho que a adaptação às notas é a principal dificuldade por que passa um piloto de velocidade".
Assim sendo, do ponto de vista de Loeb, não faltam a Raikkonen desafios que precisam de tempo para ser assimilados: "para ele, cada rali será uma total novidade e precisa de aprender a melhor maneira de utilizar os seus pneus, de se ambientar às condições de piso imprevistas, de ganhar confiança no que alguém, que lhe entra pelos ouvidos dentro, diz!". Mas será que há uma mentalidade básica diferente entre um piloto de ralis e um de velocidade? "Não, acho que exista uma grande diferença a esse nível", explica o já líder do Mundial de Ralis, concretizando depois: "ambos os pilotos, de ralis e circuitos, tem a mesma linha e objectivo: ser o mais rápidos possíveis. A diferença está a concentração. Nos ralis é preciso ouvir as notas ao mesmo tempo que é preciso estar concentrado na estrada. Nas pistas, apenas nos temos que concentrar na condução, embora tenhamos que pensar também nos outros pilotos. Ouvir notas é como uma terceira dimensão, mas quando não se conhece a estrada quer-se mesmo ouvi-las. Para mim isso já acontece de forma natural, mas de certeza que para o Kimi ainda soa a estranho!". Resta saber por quanto tempo...e até onde poderá chegar o finlandês logo que ultrapasse esse 'handicap'. Por isso, antes de qualquer coisa, é de tempo que ele precisa...
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